Estudos têm mostrado que há uma forte relação entre a infecção periodontal e outras doenças do corpo, por isso chamadas sistêmicas, como as doenças cardiovasculares e respiratórias, a diabetes e também com algumas complicações na gestação, como o nascimento de bebês prematuros e com baixo peso. Isto se deve ao fato de que os microrganismos presentes na periodontite podem migrar pela corrente sanguínea para órgãos como o coração, o pulmão e outros.
Na verdade, as doenças periodontais podem ser um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. Sabe-se que pessoas com doenças periodontais são duas vezes mais susceptíveis a doenças cardíacas do que aquelas pessoas com gengivas saudáveis. A doença coronariana por isquemia ateromatosa, o acidente vascular cerebral e a doença cardíaca valvular estão entre as mais sucetíveis de serem associadas com as doenças periodontais. Portanto, muitos tipos de doenças cardiovasculares podem ser prevenidos controlando seus fatores de risco, entre eles a doença periodontal.
Outra relação que se pode estabelecer é entre a doença periodontal e a diabetes. A Diabetes Mellitus representa um grupo de doenças metabólicas causadas pela diminuição na produção de insulina pelo pâncreas, ou pelo uso inadequado da insulina disponível, o que, em ambos os casos, leva a altos níveis de glicose no sangue. Aqui, a relação é bidirecional: um pode exacerbar o outro. Por um lado, sabe-se que pacientes com diabetes não controlada são mais propensos a desenvolver doenças periodontais. Entre os mecanismos biológicos que explicam porque a diabetes afeta os tecidos periodontais, estão a micro-angiopatia, a predisposição genética, alterações no metabolismo do colágeno, a resposta inflamatória do hospedeiro e a qualidade da flora subgengival. Por outro lado, a doença periodontal ativa pode ter impacto no controle metabólico da diabetes. Por ser uma inflamação crônica, pode aumentar a resistência à insulina, piorando o controle glicêmico.
A gengivite e a periodontite maternas podem ser um fator de risco também para o nascimento de bebês prematuros. Acredita-se que as bactérias e os mediadores inflamatórios provenientes da periodontite podem exercer um efeito negativo na unidade feto-placentária. A disseminação hematogênica dessas bactérias dá início à cascata inflamatória, desencadeando a produção de citocinas em nível local e sistêmico, as quais estimulam a produção de prostaglandinas, principalmente a PGE-2, e interleucinas IL-1 e IL-6, que podem entrar na corrente sanguínea e atingir a interface materno-fetal, aumentando os níveis plasmáticos de prostaglandinas e citocinas, o que pode dar início ao trabalho de parto. Outro aspecto interessante é que os fatores que influenciam a resposta inflamatória na DP são semelhantes aos vistos na gravidez: tabagismo, dieta, estresse, raça/etnia, além de fatores genéticos. A amplificação desta resposta inflamatória pode resultar numa forma mais grave da DP e esse processo pode envolver tanto os tecidos periodontais como as membranas fetais, útero, colo do útero ou influenciar no parto.